Coisa

Por Cristyam Otaviano - junho 12, 2016

Os dias mais chuvosos são aqueles em que o sol nasce mais bonitos, acreditem, isso não me surpreende mais.

Sigo por entre as árvores e prédios, o sol se põe ao fundo. Reflito sobre o que conversamos, o que será que isso quer dizer? A mente antecipada se prepara, armazenando filosofias e começa a se recolher para o pior, que por sinal parece estar por vim. Os planos, até então antes repensados, entram instintivamente num Crtl + Z e voltam aos seus moldes iniciais. O céu está belo, a lua lá em cima começa a brilhar timidamente. A situação é favorável, propicia, o sentimento se instala, finca suas amarras e demonstra claros sinais, que não está só de passagem.

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A solidão serve como catalisadora, o clima favorece a produção de funções orgânicas que não servem no momento. Relembro de outras tentativas de obter o êxito. As partidas prematuras, as músicas recomendadas por anteriores a você toca no fone "i used take you breather away" é o que diz, certeza e incerteza disputam espaço por aqui.

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Certo é que sei quem sou, para onde vou e onde estou. Sou muito feliz por isso. Por ora repito "essa e sua última chance" caso contrario, resta somente o adeus para esse lugar. Deixar tudo para trás e todos, ainda que seja a escolha mais dolorosa. Sonhar é grátis aos comuns, contanto, realizar vale um preço que só os corajosos estão dispostos a pagar.

Não me nego o sentimento, deixo ele ficar, o reconheço. Estou em paz quanto a isso, não me é algo familiar, mas nada que me retire a sanidade mental, disposto, pago o preço no fim de tudo. Por deixar isso rolar, pode soar radical, mas já presenciei do poder mais destrutivo disso, quando seu habitat é fisiologicamente favorável.

Se fiz algo de errado não me recordo, pago um preço por ter feito tudo certo. Ser certo de mais também tem seu valor. O vento me caricia, diz, ainda que não pareça, que isso é passageiro. Mas o medo é maior e alimenta tudo, é medo por perder aquilo que tanto demorei para encontrar. Que isso seja uma fase e não apenas um estado, que na menor da variação pode já não ser mais o mesmo.

Será que essa coisa é a liberdade que de tão longe que andou, vem carregada de tristeza estragada do excesso de amor não usado, pura saudade?


Lá, no fundo sentia saudades disso, de certa forma, o sentimento me foi desconhecido, por isso tenho dificuldades em distingui-lo. Liberdade, solidão ou mal-estar, uns ficam bem definidos se olhados por determinado aspecto, uma questão de ponto de vista.

Por ora o medo passa e a coragem, de enfrentar o que isso me traz, é maior que tudo. Por ora esse instável equilíbrio sofre perturbações, mas logo retorna as suas devidas condições. Se essa coisa que chegou, habita em mim e me escuta, ecoo bem claro na minha cabeça "seja bem-vindo, chegue, me domine e me faça melhor".

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