Não há sobre o que se escrever aqui, é vazio.
As vezes acordo sem saber se existo, se sinto, a vida só segue, segue porque não pode parar, a pouca sanidade impede que a vida pare seja onde for, porque se parar, pelo menor tempo que fosse, a vida não saberia mais seguir dali, os estragos seriam irreversíveis.
Mas o que é isso? Não se sabe, mas a vida segue? Segue. Normal, morna, seca, segue porque segue. Inerte. Daqui para lá e de lá pra cá. Como explicar o inexistente? O vago, o irrelevante. Não se aplica aqui. Do nada viemos e nada voltaremos a ser. O vazio ocupa um espaço imenso.
Sei onde estou, não há nada, além da vontade de sentir algo, ter algo a que se ater, um referência de humanidade, um aqui, um agora. Ser existencial não vai além disso. É tudo que temos. Não se luta contra algo que não existe. Algo que se sinta, seja a mais destruidora tristeza, me faz algo mais humano.
O branco e o vazio podem conter a vida, e nela estarem contidos. Podem resumi-la ou por ela serem resumidos. Não há nada que prove sua existência, além do fato de existir. Ele é porque é, e pronto. E é por necessidade de ser e ter. Cheio de nada. Desabitado por coisas humanas. É assim que é, vazio. O universo é um imenso vazio. Há universo em mim.
De tanto me gastar cheguei ao ponto de ser vazio de mim, oco, mas, nada me cabe, nada cabe em mim. Vago e branco. Inerte. Vão. E nem se sabe mais porque a vida segue, só que ela segue e pronto, ponto. De tanto ser gasta, ficou carente de si, se desconhece, esqueceu para onde ia. Onde queria chegar. Faltam palavras.
Perdido, me perdi pelo caminho. Me conjugo no indefinido, eu sou limite de mim mesmo. O vazio é tudo que tenho, algo que se grite, faz eco na minha existência. Fora de hora. Um hiato de si. Sem tempo. Eu sou vida que não sabe que é. Sigo sem destino certo. Sigo vazio.
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