Coração de Plástico

Por Cristyam Otaviano - fevereiro 03, 2018

Aviso, troquei de coração, é temporário.

Troquei. Sim, o velho coração de carne por um coração de plástico, nada de pedra, gelo, é antiquado, a idade da pedra, já foi. Coração só bate, porque quem está morta é Inês, eu vivo e preciso suportar tudo. Posso ser seu, se quiser, mas não pense que por isso, serei seu brinquedo.


Não pense que escolhi tê-lo, a situação exigiu. Até que é bom, está inerte, não perceber coisas, momentos e pessoas. Balança o coração, que ele nem faz barulho, é novo, não tem nada solto. Você pode até não suportar os impactos da vida, mas ele vai estar ali, inteiro, no máximo arranhado, é para isso que ele foi feito.

Com esse pode tudo, ele aguenta, desde a mais sinistra felicidade até o ódio mais devastador. Não espere muito, o velho se foi, pois quis muito o que não podiam dar a ele. Quanto ao amor, ele pode te dar, mas não se apaixone, na via dos erros esse é o mais grave que você poderá cometer. Nem ele é certo, vive de erros.

Erra porque vive de loucura, não há sanidade alguma que o impeça, impulsivo, faz o que faz porque é forte, e não pense que é inabalável, pois, assim como brinquedos, ele leva marca das quedas e do mal uso. E há quem use e abuse, se lambuze.

Brinquedos bonitos, são causa de brigas de quem com eles brinca ou de lágrimas de quem não leva. Se você não sabe brincar, sugiro que não se aproxime, nem se anime, muito menos se apaixone. Você. Observe e faça melhor, caso contrário será sempre o mesmo, fazendo as mesmas coisas. O truque pode ser velho, o que o torna novo é quem assiste.


Feito de carne, por ora rejeito o que carrego, é estranho, não encaixa, é como colchão novo, com o tempo a gente se acostuma. Temporário, aproveitarei enquanto puder, a final, coração de plástico, não se apaixona, muito menos morre por amor, e isso é muito bom.


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