Meu lugar
Por Cristyam Otaviano - setembro 07, 2019
Minha vida foi toda escrita pra que eu pudesse ser eu. A gente vive sem saber nosso lugar no mundo, sem saber usar uma voz, sem discurso. Vai por aí pelas esquinas sem saber quem se é, o valor que se tem, se apaixonando por todos e esquecendo de amar a si mesmo.
Há palavras que só agora aprendi a usar, poderes que domei na mais verdadeira nudez, sabores que sempre estiveram na minha boca e nunca experimentei, era a vida que iria vir pra mim como numa sobremesa. Só que isso não é sobre a vida, é sobre mim.
Houve uma vida antes da vida, e eu precisei de todo esse tempo pra que pudesse ser eu depois de mim mesmo. Sou a sobrevivência da morte de mim mesmo. Há cicatrizes que moram sobre a pele que me limita. São minhas verdades, aprendi a aceita-las.
Sou livre, e não estou só.
Acordei e a vida estava dentro de mim. O sol entrou pelo teto e me mostrou tudo que possuo, é pouco, mas é meu. Há vazios dentro de mim, ecos, cores velhas e isso não me assusta mais, vou buscar o que é meu. Estou fora do tempo? Pouco importa a ordem das coisas, o que me interessa é ser.
Provei do que sou capaz, estive no topo de um mundo que já não existe, sim, eu também fui a destruição. Há palavras que só agora aprendi a usar, monstros que posso criar e forças que, a cada dia, descubro como usar. A fala é uma força do pensamento, ser vem de uma lugar que ainda não descobri onde é.
Ainda não sei de muita coisa e talvez nunca saiba, poucas são as certezas que tenho na vida. Há cálculos que não canso de refazer, é vão. De todas incertezas do futuro, escolho a incerteza de querer viver e me jogar de abismos cada vez mais altos. Não aqui, não agora, não assim.
No espaço entre ser e existir, coloco o verbo estar, na imensidão entre mim e a eternidade eu coloco um amor. Na pele, ficará o dia. Em mim? Fica o ser, e tudo começam a ter seu lugar.
Na infinidade dos impossíveis, dentro do inesperado dos dias, que já nem são mais os mesmo, a vida está fora do controle, que finjo possuir. Vou me perdendo no próprio texto, sem saber como terminar as coisas, sem saber dizer coisas simples, é que me acabo fácil.
A respiração é leve, a fala vem fácil, basta ser. Hoje eu descobri o meu lugar no mundo, onde as coisas devem estar, o que preciso fazer e farei. Sem menos esperar as coisas acontecem. Tem dias que a gente vive pela eternidade e o dia de hoje, nunca mais tem fim.
- Cristyam Otaviano
30/08/2019
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