Ele era silêncio e solidão

Por Cristyam Otaviano - junho 06, 2024

Quem o visse, não acreditaria que era ele. Sim, sem mais nem menos, era silencio, daqueles que parece ausência, mas ele estava ali.

Gostava da madrugada, do silêncio que ela trazia. Parecia estar na hora certa, parecia sua casa, sim ele morava na madrugada, e toda vez que saia, amanhecia em si. Quando o céu começa a fazer barulho, quando no escuro do seu quarto o sol saia gritando por entre as telhas.

Na solidão de um quarto vazio, livros inacabados, de uma casa vazia ele conseguia existir. Indo e vindo por entre os cômodos, não se sabia onde ele poderia estar. Estava ali, mas não se sabia onde. Parecia um fantasma.

Não havia o que mover, pois tudo estava no devido lugar. Não havia como provar. Mas ele estava vivo, sentia a vida nas paredes, no cheiro que era trazido pelo vento. Há dias não provava da sua existência. Das poucas certezas que tinha, uma delas é que estava vivo.

Sendo indeterminado, buscando responder a muitas perguntas sem resposta, ele fazia diálogos intermináveis na sua cabeça. Dentro de si, era avesso, averso, muita coisa ainda estava fora do lugar, seu peito gritava coisas que ele não compreendia, ele conversava consigo a todo tempo. Ele estava tentando, mudando, esperando.

Devorava as madrugadas. Vertia em lagrimas quando precisava dormir, o silêncio lhe consumia, a solidão pesava. Era muita coisa, por ora de tanto ser, não era nada. Indeterminado, desconhecido. Um fantasma vivo, andando para e para lá numa casa vazia. Na vontade de um alguém, no barulho de um peito que grita por um amor. 

Ele era silêncio e solidão.




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3 comentários

  1. Continue escrevendo. É bom o que você faz.

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  2. Que lindo. Parabéns, e muito verdade e profunda suas palavras.👏

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  3. Gosto do sua escrita. Abraço.

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