Rastros

Por Cristyam Otaviano - novembro 02, 2019

Certos dias eu fui o silêncio de uma vida que acontecia, eu era estático, um ruido. O sol brilhou para todos nós em algum lugar longe daqui. Não se ouvia nada que não fosse um barulho vindo de longe. Sim, eu estava vivo, vivi e construí verdades dentro de mim.

Sai por aí pela cidade, buscando o meu desconhecido, olhando para as estrelas, testemunhando amores e provando de coisas que já nem lembrava, eu, ainda nem existia. Fui, e pouco a pouco deixei coisas de mim por aí, cartas, beijos, meu sangue, o silêncio, um rastro meu, que talvez tenha ficado. 

Houve caminhos que fiz, rastros não deixei, foi silêncio, ficou alguma coisa, porque?! Não sei, há coisas que jamais entenderei. Me entenda como quiser, meu viver é aberto a interpretações, me julga em silêncio e me salve em oração. Quando acordar posso não ser mais o mesmo.


Ninguém me vê, ouve ou me acha, mas estou ali, em verdade e em espirito. Sendo eu. Num canto qualquer, derramando meu pranto em tinta, na imensidão muda de um papel. Por um momento eu nem se quer exista, não se sabe daquilo que não é. 

Dando verdades erradas para as pessoas certas, eu dancei a luz de um luar, me dei para um alguém, passado, pretérito perfeito. Fui eu. Descobri o norte, para onde tudo aponta, para mim, e eu fui, em dois sentidos, buscando uma só verdade.

Há coisas que vos jamais saberá. Teve de um tudo, eu fui minha própria testemunha, ninguém soube. Certas verdades pertencem somente a mim. E não pense que não é por não deixar rastros, que não fiz o caminho. 

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