Os medos
Por Cristyam Otaviano - maio 24, 2023
Quais são os seus maiores medos?
Hoje fiquei sem palavra, fui ausência. No escuro de um quarto vazio, repleto de lembranças, eu converso com meus medos. Preciso de um socorro, nesse momento é insuportável ser eu. Ali no canto uma vela qualquer queima na esperança de que eu sobreviva.
Meus medos resolveram me assombrar, alguns nem pertencem a mim. Embaixo da cama é vazio, dentro de mim só tem ecos, cacos, qualquer movimento estou ferido. O mundo dá muitas voltas, numa delas o sol se pós a sumir, ainda era dia.
Nada sai de mim, só o choro na tentativa de ser ouvido por alguém. Meus dias estarão salvos? Amanhã o sol ainda nascerá? Há fantasmas a espreita, direi uma só palavra e serei salvo. Tudo o que digo poderá ser perdido, a visão para de funcionar.
Estou ameaçado de extinção. Conte a todos a grande novidade, que eu serei feliz. Há histórias escritas, que talvez ninguém jamais conhecerá. Numa noite qualquer fui a salvação de um coração perdido. Meus heróis morreram um a um. Serei eu o herói do novo tempo? Heróis sentem medo?
O que corre nas veias não é sangue, quem sou agora é algo diferente de mim. Quando a luz se pôs a apagar dentro de mim? É difícil enxergar no escuro, meus sentidos já não me pertencem mais. Não sei a que pertenço, sou apenas lagrimas nessa cama.
Os textos que resolveram me atravessar, rasgar as noites, virar os dias e forjar a mim no mais verdadeiro medo, do amanhecer trazer ausências que não saberei lidar. Medo de eu já não saber mais usar os tempos corretos, da solidão, do vazio e de coisas que ainda nem entendi.
O menor dos movimentos poderia ser catastrófico, falar um ato de destruição. Choro na esperança de um socorro. Poderia não existir nesse momento. Que os deuses tenham piedade de mim, os livros mudos que testemunhem minha dor, pois, hoje eu sou o medo até mesmo de respirar.
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