A Pele

Por Cristyam Otaviano - março 28, 2020

Ninguém imagina, mas levo marcas em mim que nem o tempo será capaz de apagar. A alma tem cicatriz, por muito tempo sangrei, há  sangue em todo lugar. Os gritos do meu peito ninguém chegou a ouvir.

Foram feridas que pensei que nunca fosse sarar, dores que pensei nunca fosse superar, um corpo era tudo que eu tinha e nada mais. A pele forte me impedia de fugir. Lutei, por dias, horas, meses e houve dias que nem eu fui. Perdi a conta das vezes em que havia desistido de existir. Era só solidão e esperança.


Nem toda dor dura pra sempre, não há tempestade que não se acabe. Quando menos vi já não doía mais. O tempo se abriu e eu deixei o sol entrar em mim. Na solidão, me fiz forte, no silêncio aprendi a gritar, e libertar meus maiores monstros, e na fraqueza fiz da minha pele minha armadura.

O tempo curou as feridas, aprendi a superar a dor, por pior que ela fosse, do vazio de ser nada vi a possibilidade de ser tudo e isso me assustou. Escolhi ser amor, e amar como se nunca houvesse existido um dia na história da humanidade, eles que se preparem.

Há marcas que vão além, da pele, são marcas da alma, sei né, onde todas elas habitam. O perigo pode vim de onde eu menos espero, mas a pele é forte, armadura. Osso, marcas e um coração valente para viver os dias que virão.

Hábito em mim, existo, sei bem quem sou e grito forte para que todos ouçam. Meus monstros estão livres, assim como eu, e minha palavra é única. Só quero ser feliz vivendo e não ser só.

A pele tem história, é meu lar, minha perdição. Meu limite, morada das minhas cicatrizes de quando era criança, o arrepio da vida adulta. Poesia de uma vida que se cansou de viver de feridas e cicatrizes.

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