O tempo é pouco, não basta para nós, precisamos do espaço. Só uma vida é pouca para te esperar. O mundo será incendiado pelos homens, ainda será dia, a noite trará maré alta para partirmos. Muita vida ficou para trás. Poderemos nos salvar.

Dominaremos mundos que esperam lá fora. Voaremos em busca da verdade, conjugando plurais. Viveremos eternamente um dia, nos pertenceremos. Donos de histórias que ninguém jamais conhecerá, atravessaremos o dia, estaremos fora do tempo.

A nossa casa, o planeta, encolherá. Seremos grande, seremos nós.

Em terceira pessoa, serei conjugado por ti. Seremos nós. Ali, aqui, estaremos em todo lugar. No desconhecido, te farei fogo. Escondendo fatos, forjando verdades, invadindo mundos, voando alto, amando, estaremos ali, atravessando os dias.

Esse texto é feito no passado, perfeito às vezes, e não passa de mera linguagem, porque os tempos se atravessaram, há dias que não tiveram mais fim. Faço isso no passado, perfeito, pois eu preciso fazer com que os homens me entendam, mesmo sabendo que esse é só o começo da nossa história. 

Teria um jeito de não se apaixonar por ti?

Dia desses eu me peguei passeando nos tempos, revirando o passado, vivendo os dias de novo e fui a paixão. A paixão de poder ser, viver, sorrir, existir e estar contigo. Tu me veio de um futuro onde eu já existia, pontual como um relógio suíço.

Eu te descobri entre as noites diferentes, estávamos em outro tempo, fora de fuso, tão parecidos e tão diferentes. Tu, que nem sabia de mim, me conquistou. Na noite que caia cedo, no dia que vinha antes do sol, num bar sozinho, nas cores da cidade encantada, na Suíça, na Itália, na Espanha.




Anderson, teu nome era um segredo pra mim, os teus rastros não chegavam em lugar nenhum, versões de ti, nem ousei buscar e eu fui te desvendar. O medo do desconhecido, a vontade de uma chance, a esperança de um futuro bom, a verdade que nem se sabia se era. Tu era tudo, mesmo não significando quase nada.

Os dias já não eram mais os mesmos, o tempo começava a mudar, o sol trazia lembranças de um tempo bom, a noite caia barulhenta, haviam dois corações gritando meio a multidão, eramos eu e você.

Pouco a pouco o coração foi se deixando ficar, posso ficar?

Fiquei, com teu nome na minha boca, tua vontade na minha cama, te esperando vivendo, te contando dos meus dias, querendo teu beijo, me conjugando em segunda pessoa, eu era tu.

Quando dei por mim, eu tinha ficado por aí, perdido em alguma mensagem, numa noite que nunca acabou, num carinho que me atravessou, tinha te deixado me levar na dança, pra lá e pra cá. Vivia fora de hora, eu vivia. Quanto tempo faltava pra te ver?

Insuspeito, fácil, simples, forte e devagar tu chegou e ficou em mim, eu te quis aqui. Naturalmente aconteceu, quando dei por mim já tinha ficado bobo, fácil, de guarda baixa, sem proteção, cheio de vontade e voando em altitude baixa.

Fiquei e ainda estou aqui, morando num olhar, existindo e estando apaixonado por ti.

Estamos em espírito de oração, a procura de alguém. Num bar, um olhar, num toque, chegará, vencedor, merecedor de tudo o que temos, que nos ame em verdade. Quando ele vira? Há respostas que nem o  próprio tempo tem.

Já outras, estarão num livro qualquer, ele dirá tudo que precisas ouvir. Ninguém sabe a história das coisas, mas la tudo estará dito. Será explicado, o desconhecido ganhará então um criador. Escravizados, os homens espalham verdades inventadas em tempos que virara pó. O que diz o livro sobre o amor?

Sem menos esperar as coisas acontecem. Dentro dos homens existem vazios desconhecidos. Enquanto isso dançamos uma música qualquer. O baile segue. Movidos por um desconhecido seguimos a música do fim dos tempos, há muito anunciado.

Somos olhares a procura de um alguém que nos faça esquecer dos vazios em nós. Não se sabe ser feliz só. O amor é a religião dos deuses, o credo dos homens é a paixão. Em cada um de nós há vazios que assustam, vozes que enlouquecem e no meio disso, o silêncio de ecos ensurdecedores.

Aceitamos de tudo, menos a solidão, não sabemos ser nossa própria companhia. Vivemos procurando, acabar um vazio de si. Uma solidão que vem de dentro, está em nós. Olhamos para o céu e esperamos uma resposta. Choramos pelos cantos, de olhos para fora, vivemos em segunda pessoa. Sem saber que a solidão, é falta de ser, ser por um, ser em si, de ser "eu".